A vida escreve certo por linhas tortas

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Estou aqui numa semana super corrida, mas várias coisas me bateram agora de manhã e precisei parar tudo e escrever este texto. A vida (ou Deus ou como quer que você queira chamar) escreve certo por linhas tortas. Ouço isso desde criança, mas nunca tinha encontrado aplicação prática na vida. Que as coisas dão errado sem mais nem menos, e que essas coisas erradas muitas vezes nos levam por caminhos maravilhosos eu já tinha entendido. Hoje pela primeira vez coloquei toda a minha trajetória em perspectiva e pude entender um pouco melhor as “linhas tortas” que me trouxeram até aqui.

Nunca entendi porque a vida e o trabalho funcionam como funcionam. Entendo teoricamente, aliás. Li, estudei e consigo compreender os mecanismos. Ainda assim, nunca entrou na minha cabeça que alguém pudesse simplesmente aceitar a forma como as coisas funcionam. Sendo assim – e tendo uma criação fora dos padrões, o que ajuda bastante rs – sempre corri atrás de fazer diferente. Não me formei quando deveria, não entrei no mercado de trabalho como quase todo mundo da minha classe social (nunca fui estagiária de coisa alguma haha), nunca quis trabalhar (e nunca trabalhei) em empresa grande. Minha carreira foi até aqui uma sequência de escolhas acertadas e um pouco de sorte. Mesmo feliz, vira e mexe bate um incômodo por dentro, como se eu devesse ter feito como todo mundo. Quando isso acontece, procuro buscar as razões, destrinchar, pensar e repensar até chegar a uma conclusão.

A conclusão do dia foi que eu tenho exatamente a vida que queria ter quando era adolescente. Em essência, alcancei tudo que buscava. Sempre achei bonito, por exemplo, que as profissões antigamente eram passadas de mestre pra aprendiz. No auge dos meus 20 e poucos anos conheci a Dilma, uma arte-finalista das antigas que não só me ensinou como mexer nos programas de edição de imagem, mas me contava também uma porção de histórias sobre as gráficas onde trabalhou, e sobre como a profissão dela funcionava antes dos computadores. Tenho pensado muito nela, e mando sempre vibrações positivas e ondas de gratidão na sua direção! ♥

Eu queria, quando jovem, ter uma porção de profissões e ofícios diferentes. Agora, com quase 30, encho a boca pra falar que sou designer, web designer, redatora, artesã, escritora, artista visual e o que mais eu aprender pelo caminho. Ao longo dos anos fui construindo essa pessoa que sou, e tenho muito orgulho dela. Trabalho de casa, outra coisa que sempre quis, e recebo constantemente elogios sobre as coisas que faço.

O que quero dizer com isso tudo? Muito mais do que puxar a sardinha pro meu lado, o ponto todo é: enquanto essas coisas aconteciam, enquanto eu construía essa pessoa e agarrava com unhas e dentes todas as oportunidades, eu não percebi estar fazendo isso. Sofri, penei, me ferrei. Passei por uma porção de perrengues, mas alguma coisinha lá no fundo me fez nunca desistir. A vida escreve certo por linhas tortas. Mesmo quando tiramos os olhos do objetivo final, ele permanece por dentro, e sem perceber vamos caminhando pra esse objetivo. É importante, de tempos em tempos, parar e analisar a vida inteira. Não com os olhos julgadores que costumeiramente reservamos a nós mesmos, mas olhar de fora. Pensar como se sentiria nosso eu adolescente, nosso eu criança, em relação a vida que levamos agora. De todas as pessoas que fazem parte do meu cotidiano, a mini-Dandara interior é quem mais me motiva a seguir em frente.

Busque por dentro: quem era você quando criança? E quando adolescente? Quais eram as suas coisas favoritas na vida? O que você queria ser quando crescer? Isso ainda mora aí, de alguma forma. E é essa pessoa que você não pode decepcionar. Tenho certeza que, da forma que for, ela se orgulha de você, independentemente de qualquer caminho torto ou escolha aparentemente errada. Não sabemos o dia de amanhã, e é aí que mora toda a beleza. Uma curva errada pode parecer só uma curva errada, mas pode ser exatamente essa a virada em direção a um caminho melhor. Então respire fundo, coloque as coisas em perspectiva e siga caminhando. Dar passinhos pequenos vai ser sempre infinitamente melhor do que ficar parado. 🙂

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