Um mês

Tenho ao mesmo tempo uma saúde de ferro e de isopor. De um lado, resfriados raramente me pegam e qualquer ferida cicatriza na velocidade da luz. Do outro lado, convivo com hidradenite, lipedema, psoríase, dismetria e algumas sequelas de uma fratura no fêmur não tratada na infância (tendinite no quadril e artrose são algumas das minhas companheiras rs). Minha sensação é que se eu parar, paro de vez. Como cresci sem validação para minhas dores e questões, aprendi muito cedo a engolir o choro e seguir em frente. Isso é uma benção e uma maldição: sem isso, eu não seria capaz de fazer tudo que já fiz até aqui, mas com isso tenho também dificuldade para entender o limite. Sempre me impressiono com quem valida as próprias dores e deixa de fazer as coisas por conta delas. Não me foi dada essa opção. Eu sorrio, aceno e sigo em frente. É péssimo e maravilhoso, tudo ao mesmo tempo. Me fez mais resiliente, mas me fez mais sem noção.

Com tudo, escolhi ignorar a realidade do meu corpo e fazer o que queria nos últimos anos. Uma escolha burra, sei bem. Andei de patins como quem tem as pernas iguais, fiz academia sem contar nada pra personal, corri como se pudesse. Terminei mais fudida do que comecei, com meses de intervalo entre as atividades e muitas vezes sem nem conseguir encostar o pé no chão. Uma animal. E então veio aquilo que me fez parar com tudo: morar em uma casa com um piso todo torto. Quem diria que seria isso, e não uma das minhas muitas lesões, que me faria parar e ser obrigada a reavaliar as coisas.

A yoga foi minha grande companheira nos últimos anos. Já tinha feito antes, mas de 2018 pra cá passei a levar a sério e ter uma prática diária. Até o piso torto. Se você já é torta e tem um piso torto, fazer yoga não vai dar certo. Descobri da pior maneira, me lesionando em uma aula simples. O resultado foi praticamente um ano inteiro sem fazer quase nada. Andar foi minha única atividade, e ainda assim saí de 10, 12, 14km por dia pra 3, 4, 5km no máximo. Um ano de quase sedentarismo depois de anos de atividade intensa. Minha saúde sofreu, meu quadril sofreu, meu joelho sofreu. A angústia foi tanta que resolvi correr, e na corrida consegui uma das lesões citadas anteriormente. Ir longe demais me tirou o pouco que eu tinha, e nem andar eu estava conseguindo. Some a isso a morte do único calçado que não me causava dor e pronto, uma espécie nova de sedentarismo tomou conta.

Mudei de casa, e aqui tenho o chão plano. Lisinho, retinho, como deve ser. E então tudo mudou: há um mês minha yoga matinal voltou a fazer parte da rotina. Com ela vieram as longas caminhadas e dias seguidos sem sentir dor. Só quem sente dor constante sabe a benção que é passar dias seguidos sem sentir nada. Sinto que a cada dia tudo vai entrando mais nos eixos. Sem dor eu consigo raciocinar com clareza, consigo sentir, consigo prestar atenção, consigo respirar. Consigo até respirar através da dor, quando ela vem, sem sentir que deveria fazer alguma coisa que não me cuidar e esperar ela passar.

Nem tudo são flores: yoga não é só exercício, sei bem. Bate em toda a minha sensibilidade. Move tudo, tira tudo do lugar. E esse primeiro mês foi também de muito choro, tristeza, confusão, pesadelos. Respiro através e tento chegar do outro lado. Depois de sentir dor por muito tempo, é difícil entender quem somos sem ela. É como se ela passasse a fazer parte do tecido que compõe o ser. Como se a gente não existisse de verdade sem a dor. Mas eu existo. Eu existo. Existo e tento aprender como me amar e me aceitar com tudo que sou. Tento aceitar o que a genética me deu, o que a vida me deu, o que fiz com isso tudo. Tento respirar e acreditar que se eu puxar o ar fundo o suficiente ele vai me ajudar a deixar tudo ir, vai me ajudar a jogar fora tudo que não sou, tudo que não preciso, toda expectativa. Enquanto esse dia não chega, sigo tentando.

Ninguém devia ser elogiado por emagrecer

Entre o ano passado e esse alguma coisa aconteceu comigo. Na realidade, entre o ano retrasado e esse. Basicamente, eu mudei muito minha alimentação (prioritariamente pra melhor, mas ainda dou meus vacilos de ficar muitas horas sem comer. Eu esqueço. Mesmo.) e comecei a andar feito uma louca – coisa que eu amo e fazia antes, mas tinha deixado de lado no void-das-coisas-que-a-gente-perde-o-ânimo-porque-trabalhar-fora-é-esgotante. Daí eu fui andando e andando e andando e comendo melhor e comecei a emagrecer. Eu não queria emagrecer. Eu não fazia nenhuma questão. De repente eu tinha emagrecido o suficiente pra ficar com o menor peso que tenho em mais de uma década. Que eu não queria e não fazia questão, guardem essa informação.

Antes que eu pudesse perceber – e imediatamente ao sair do que é considerado gordo e feio e chegar ao que é considerado gordo e socialmente aceitável – os elogios começaram. Era um tal de “nossa, você emagreceu muito, parabéns!” efusivo, uns “você tá mais bonita, emagreceu” e as variações disso. Uma porção de parabéns. Uma porção de olhares felizes de conhecidas me perguntando o que eu tinha feito. Todo mundo espera uma dieta milagrosa ou uma resposta. Eu nunca tenho resposta. Só agradeço se for alguma das vózinhas do meu convívio ou pessoas mais velhas, porque sei que seria desgastante explicar porque é tão problemático elogiar alguém por ter emagrecido.

Vivemos em uma sociedade focada na aparência, todo mundo sabe disso. Não vou falar sobre os problemas todos da indústria da beleza e da dieta nesse texto (em um outro, talvez, porque amo falar sobre isso hahaha), mas pegar nessa questão do elogio. Essa coisa que diz pra gente e pras pessoas que emagrecer é excelente e engordar é a morte. Essa coisa que faz meninas pararem de comer, vomitarem o que comem, perderem cabelo, ficarem com as unhas destruídas (eu, inclusive, lá pros meus 15 anos). Essa coisa que gera esforços e medos e angústias e dietas mirabolantes e soluções mágicas pro que não necessariamente é um problema.

Com meus 135kg de antes, eu me sentia bem, até não me sentir mais. Não por nenhuma questão estética, mas basicamente porque tinha virado uma pessoa muito sedentária que não aguentava andar 5 minutos sem morrer. Eu não subia um lance de escada. Eu parava no meio de todas as ladeiras. Isso foi me incomodando porque eu era acostumada a ser ativa e feliz, independentemente do meu peso. Era isso o que eu queria mudar. Ter preparo, me sentir fisicamente bem pra fazer o que eu gostava, ver meu organismo funcionando melhor. O peso foi uma consequência, e o peso sempre deveria ser consequência. Existe gente com pesos mais altos super saudável e ativa. Existe gente magra que é sedentária e come mal. Relacionar saúde com peso é um erro terrível e que não condiz com a realidade. Além de qualquer questão desse tipo – e nem vou entrar nelas porque por mais que saiam pesquisas e por mais que a realidade confirme, eu precisaria de um textão bem maior pra tentar convencer alguém.

O ponto é outro:

Quando você elogia alguém por emagrecer, está basicamente dizendo pra pessoa “você é uma bosta, que bom que está tentando se adequar a sociedade e deixar de ser gorda!”. Não é legal. Porque elogiar o emagrecimento faz automaticamente o peso parecer ruim, errado, algo a se envergonhar e perder. Se você elogia e recompensa quando alguém emagrece, está dizendo a uma categoria inteira de pessoas que elas não são o suficiente. Que existir e ser feliz como se é não é o suficiente. Eu não me sinto feliz com os elogios. Minha primeira reação é pensar “poxa vida, então essa pessoa me achava gorda e horrível e socialmente inaceitável”, e logo em seguida não saber como responder. Não é bom. Não vem como um elogio se você entende o quanto é pesado transitar pela sociedade sendo gordo. Fico pensando que não passo mais por situações estranhas e constrangedoras nas lojas, mas uma porrada de mulheres continua passando, e então o elogio é também uma surra em todas elas. É uma porrada que diz:

A sociedade não vai se adaptar a você. A gente não vai vender roupa pra você. A gente não quer você nesse espaço. A culpa não é nossa se você é gorda e essas roupas não te servem, vai emagrecer.

E se fosse o contrário? E se ninguém elogiasse ou criticasse ninguém por conta do peso? E se as lojas vendessem pra todo mundo e todo mundo se sentisse lindo, amado, gostosão e muito foda? Porque é esse mundo que eu quero ver. Não um mundo em que alguém me elogia efusivamente porque eu emagreci. Eu sou gorda. Não tenho problema nenhum em ser gorda. Peso menos de 100 quilos, já pesei mais de 130 e em nenhuma dessas configurações o problema era eu. Oi pessoa gorda, o problema não é você. Se é pra elogiar, elogiem meus textos, minhas músicas, minhas ideais. Comentários sobre o meu corpo eu dispenso.

No final, ninguém tem NADA a ver com isso.

Dois meses sem shampoo

Há tempos vinha buscando uma forma de lidar com meu cabelo que não envolvesse shampoo, condicionador e relacionados. Testei o bicarbonato + vinagre, “”shampoo”” de semente de abacate, juá e mais algumas coisas, até desistir e voltar a usar. O bicarbonato – solução mais difundida na internet – é na realidade perigoso, podendo causar lesões a pele que demoram meses e até anos para secar. O shampoo de abacate foi bom no início, mas o cabelo foi ficando mais e mais estranho. Juá é bom, mas meu couro cabeludo é sensível e logo começou a descamar. Li uma porção de coisas sobre usar somente água, mas de início não acreditei que pudesse funcionar pra mim. Mesmo sabendo que o cabelo se acostuma, acreditava que a oleosidade fosse dificultar a adaptação, e como não sou muito paciente, deixei de lado.

Até o final do ano passado, quando raspei a cabeça. Estava eu com um monte de cabelos miudinhos, totalmente sem química e nunca lavados com shampoo. Minha relação com aparência mudou muito ao longo do último ano, e um desapego muito grande foi tomando conta. Parar de usar shampoo não foi difícil aquela altura porque, para além de qualquer questão estética, não tinha mesmo muito cabelo para ser lavado. Porque não dar uma chance? Comecei a deixar a água correr enquanto tomava banho, massagear bastante o couro cabeludo e passar vinagre e óleo de coco de vez em nunca.

Estou aqui, dois meses depois, cabelo ainda úmido do banho, e digo pra vocês: vale a pena. Além da economia enorme e dos resíduos que não produzo mais, meu couro cabeludo nunca foi tão saudável. Costumava ter alergias, caspa eventual e coceiras esquisitas, e agora tenho somente uma cabeça cheia de cabelo forte, brilhante e saudável. A oleosidade realmente aumentou no início, mas umas duas semanas depois tudo estava sob controle.

Mas o cabelo não fica fedendo?

Esse era um dos meus medos no início, e uma das perguntas que mais ouço. Passei o primeiro mês inteiro perguntando pro meu noivo todos os dias se o cheiro era ruim e, segundo ele, é “cheiro de cabelo”. Não consigo sentir porque ele ainda está curtinho, mas até agora ninguém me falou que eu estava fedendo. hehe

Se cheirar bem (e existe muito de construção social nesse “cheirar bem”, né?) é importante pra você, dá pra usar óleos essenciais misturados no óleo de coco, e passar no cabelo depois de lavar (bem pouquinho pra não pesar). Como a essa altura não ligo pra isso, uso só o óleo de coco de vez em quando (e fico cheirando a cocada haha).

Mas os cosméticos não são importantes pra saúde do cabelo?

A resposta real? Não, não são. A ideia de saúde capilar relacionada a cosméticos é muito recente na história (os cosméticos como conhecemos hoje começaram a surgir somente nos anos 20), e até então a galera lavava o cabelo com sabão. Em certas tribos, somente água, água de arroz ou óleos naturais são utilizados. O cabelo de todo mundo é enorme e forte, logo, saúde não tem relação com cosméticos.

A ideia mais difundida nos últimos anos, da necessidade de nutrição, hidratação, umectação e o que mais inventarem, é somente uma invenção da indústria para vender mais produtos. Seu cabelo não vai ficar fraco, cair ou piorar se você parar de usar cosméticos. Na realidade, a chance do cabelo ficar mais forte com o tempo é muito maior: nosso corpo é esperto e sabe o que faz. Anos e mais anos de evolução me parecem mais eficientes e comprovados do que qualquer groselha da indústria cosmética.  Então não, você não precisa de nada disso. Querer e precisar são coisas diferentes – e não tem nada de errado em querer usar as coisas. Cada um sabe como cuida de si, né? 😉

Mas não vai acumular sujeira até você ficar careca?

Por mais absurda que pareça a pergunta, já vi ideias desse tipo por aí! haha

Já conheci mulheres que colocavam camadas e mais camadas de cosméticos nos cabelos, ao longo de vários dias sem lavar. Óleos, cremes, mais óleos, mais cremes. Se elas não ficavam carecas, eu definitivamente não vou ficar. Molho o cabelo e massageio o couro cabeludo quase toda vez que tomo banho. Agora que o calor está passando e o cabelo está crescendo, estou começando a molhar dia sim, dia não. Como não existe nenhum resíduo de produto no cabelo e a massagem é feliz e vigorosa, acumulo menos sujeira no cabelo agora do que quando usava creme de pentear, por exemplo.

Mas isso é nojento, Dandara.

Não, não é. E de todos os argumentos, esse é o que mais me dói, pela desinformação. Não é nojento e não é descuido e não, eu não estou “relaxando”. Mesmo que estivesse, ninguém tem nada a ver com isso, maaaas, vamos falar sobre a essência dessa linha de pensamento: a indústria e a mídia nos convenceram muito fundo da necessidade de uma porção de produtos e serviços que na realidade nós não precisamos e passaríamos muito bem sem. Isso inclui absolutamente todos os cosméticos. Ninguém precisa usar maquiagem. Ninguém precisa usar shampoo. Você não é feia ou porca ou relaxada ou qualquer desses adjetivos se resolver não fazer essas coisas. Mas pense comigo: uma pessoa que acredita nessas coisas continua consumindo, comprando, gastando, investindo em ficar mais bonita. E que beleza é essa que vem num frasco de shampoo ou num tubo de batom? Se ela não vier de um lugar de consciência plena do funcionamento da indústria e escolha consciente de uso, então não é beleza. É cosmética. É aparência e só, e aparência e beleza são coisas muito diferentes.

Mais do que qualquer outra coisa, parar de usar shampoo e falar sobre isso me fez perceber o quanto as pessoas ainda estão ligadas nesses ideais, nessas falsas certezas plantadas pela indústria ao longo do tempo, e o quanto ainda precisamos conversar e trabalhar para ir desfazendo esses mitos. É excelente poder falar sobre isso e praticar o que prego!

Enfim, recomendo muito a experiência, não somente de abandonar a coisa em si, mas pesquisar, entender, compreender como a pele e o cabelo realmente funcionam e do que eles precisam. É libertador! Que tal experimentar? Qualquer dúvida, é só dar um grito que eu ajudo! 😀

 

Sunday meal prep: preparando a comida da semana

vegetais
imagem meramente ilustrativa para despertar sentimentos felizes hahahaha

A algum tempo atrás estava fuçando a internet, encontrei em diversos sites e fóruns uma porção de dicas sobre o tal sunday meal prep, em tradução literal, “preparo de comida no domingo” (ainda estou procurando um termo curto em português que resuma isso de um jeito legal haha). A ideia é preparar ou pré-preparar a comida da semana toda na tarde de domingo, garantindo uma alimentação saudável e ajudando a evitar os lanches e besteiras processados. Achei a ideia super interessante, porque trabalho de casa e amo cozinhar, ou seja, passava horas todos os dias na cozinha. Se me fazia feliz? Definitivamente, mas consumia um tempo que poderia ser utilizado em outras atividades. Mantendo o amor pela cozinha e adicionando praticidade, passamos algumas horas na cozinha no domingo e durante a semana é só montar os pratos! Para deixar um pouquinho de cozinha pra semana, optamos por não deixar o café da manhã pronto (normalmente comemos omelete), reservando para ele somente o pré-preparo dos ingredientes (limpar o espinafre, cortar o presunto e o queijo, picar a cebolinha).

Tentamos fazer isso desde o início do ano, mas somente nas duas últimas semanas (a anterior e esta que começou hoje) atingimos o nirvana da alimentação! hahaha As comidas são todas excelentes, e comemos com a certeza de manter nossa alimentação saudável e funcional.

sunday meal prep pode ser adaptado de acordo com as necessidades e dieta da sua família, funcionando para qualquer quantidade de pessoas. Aqui somos dois almoçando e jantando todo dia, mais um jantando quase todo dia. Deixamos as porções separadas em potes na geladeira e no congelador, e tem funcionado muito bem até agora. Um erro que cometemos nas semanas anteriores foi não pensar em lanches e snacks pré ou pós corrida. Para resolver o problema, passamos a comprar mais frutas e esta semana optamos por incluir um bolo e um pão de aveia (deliciosos e super saudáveis).

O segredo para não enjoar, não cansar e conseguir deixar tudo pronto em poucas horas é optar por receitas com bom rendimento. Esta semana, por exemplo, uma das receitas é a lasanha de berinjela. É fácil de montar, rende bastante e não consome muito tempo. Enquanto ela estava no forno, Matheus fazia a outra receita, estrogonofe de fígado com batata baroa sauté. Para acompanhar os dois pratos comemos uma salada simples e clássica, composta de alface, tomate, cebola, vinagre e gergelim. É importante guardar a salada sem tempero, senão ela murcha e vai embora. Agora que estamos entrando no ritmo desta rotina, quero começar a pensar em molhos e ingredientes diferentes na salada, para enriquecer cada vez mais os pratos.

Outro ponto importantíssimo para o sucesso da empreitada é a organização: só vamos a feira e ao mercado com uma lista, e otimizamos nosso tempo procurando especificamente pelo que precisamos. Buscamos usar hortaliças da estação, o que garante preços mais baixos e um sabor muito melhor. Respeitar a natureza e seus recursos é uma forma simples de economizar e se preocupar com o planeta.

No mais, é colocar a mão na massa! Escolha suas receitas favoritas, teste o que funciona e faça projeções realistas sobre quantidades. Comece a observar o que você come ao longo do dia (incluindo as besteiras e processados haha), e aos poucos vá trocando os industrializados pela versão feita em casa. Quanto mais natural e menos industrializado, melhor para a saúde!

Se você segue alguma dieta restritiva, não se aperreie: preparar sua comida é a melhor forma de garantir que tudo funcione corretamente. Aqui não temos muitas restrições, mas passar a preparar a comida toda nos afastou de uma porção de coisas que não queríamos mais consumir regularmente, como alimentos processados, pães, massas, e demais derivados do trigo. Focamos em uma vibe mais low carb, com muitos vegetais e proteínas maneironas em casa refeição. Como a restrição não é extrema, cabe uma fatia de bolo ou pão de aveia todo dia, pro intestino funcionar bonito! hahaha

E aí, quem anima um domingo gastronômico? Estamos ainda no início da semana, então dá tempo de pesquisar e se organizar pro próximo! Boa sorte para todos nós! 😀

O resgate da ráfia

Começando pela informação triste, todos os dias uma quantidade enorme de plantas é jogada no lixo. Seja porque não estão mais bonitas como quando compradas, seja porque secaram no supermercado esperando serem levadas para casa, ou ainda por motivos de mudança e relacionados. Muitas destas plantas já foram desta para melhor, mas em outros casos, um pouquinho de cuidado é suficiente para que elas voltem ao auge. Este é o caso da Dorinha, nossa nova palmeira ráfia (sim, aqui damos nome pra tudo. A pimenteira, por exemplo, chama Elis haha)!

Dorinha chegou aqui em casa com muitas folhas secas e queimadas, tomando todo o vaso. Muita poeira nas folhas e uma carinha triste que só vendo:

Minha mãe – que é também minha mestra no mundo das plantas, e quem resgatou Dorinha e trouxe para nós – me explicou o que fazer para trazer a planta de volta a vida: podar sem dó tudo que estivesse seco, deixando somente as folhinhas verdes. Desta forma, a ráfia tem espaço para se recuperar e crescer de maneira saudável. Com muito amor e paciência, tirei um tempinho do domingo para dar este dia de beleza para a plantinha.

Depois da tosa e do banho (além da rega umedeci também os caules, conforme minha mãe me explicou. Quem tem a palmeira em vaso dentro de casa precisa fazer isso de vez em quando nos caules e nas folhas, usando um borrifador. Desta forma, elas não queimam e não ressecam, mantendo a planta nos trinques), eis uma foto de Dorinha:

Bonita, vivona e pronta pra crescer feliz!

Com tudo, fica a dica: viu um vaso no lixo com uma planta meio caída? Leve pra casa! Se a plantinha está viva, com um pouco de amor e dos cuidados corretos, ela pode brilhar novamente! Ainda não entendo muito sobre plantas, e pentelho minha mãe o tempo todo perguntando coisas, então se tiverem alguma dúvida, comente aqui e eu passo pra ela. 😀

Conforme eu disse no meu texto anterior sobre jardinagem, não é preciso muito para começar. E é como dizem por aí: o lixo de uns é a riqueza de outros. Minha sala é muito mais viva e colorida agora que Dorinha veio abrilhantar o ambiente. <3

Como não se sentir um loser com o final de Janeiro?

Janeiro é um mês esquisito. A gente começa cheio de ideias e planos, no gás, e logo se depara com uma triste realidade: o ano só começa depois do Carnaval. Mesmo que não espere o carnaval para engatar, Janeiro é um mês mais morto do que o meu manjericão (triste, eu sei, mas vou superar haha), e tudo fica lento até Fevereiro chegar. Daí é aquilo: existem as coisas que são possíveis começar, e existem aquelas que dependem de fatores externos a nós. O mês terminou e eu estava aqui com a sensação de não ter feito tanto quanto poderia ou gostaria. Fiquei ligeiramente decepcionada comigo, até parar e analisar o começo do ano mais a fundo. Na realidade, fiz uma porção de coisas boas em Janeiro, e o que não começou (ainda) foi pensado mesmo pra ser diluído ao longo do ano. Algumas das coisas que aconteceram no primeiro mês do ano:

  • Voltei a desenhar. Essa foi a coisa mais insana pra mim. Tinha deixado de desenhar a zilhões de anos atrás, e não me via voltando. Não que eu seja nenhuma gênia do desenho ou a minha abstenção tenha tido algum impacto, mas, sendo bons ou ruins (quem liga?), o importante é que eu fiz. Deixei fluir, mesmo sobrepensando e tentando encontrar sentido. Até agora tem sido excelente.
  • Comecei a correr. Essa semana completamos um mês correndo. Consigo ver o progresso acontecer, e sinto que muito em breve conseguirei correr o percurso todo (por hora vamos intercalando caminhada e corrida, pro corpo acostumar e meus joelhos não morrerem hahaha).
  • Aos poucos estamos conseguindo implementar nosso plano de fazer a comida da semana toda no domingo. Tô aqui feliz da vida que a janta já está pronta (e linda e maravilhosa).
  • Fizemos uma estante pras plantas, ganhamos algumas mudinhas, compramos outras e aos poucos a casa vai tendo o verde que eu gostaria que ela tivesse.
  • Participamos de um workshop de Python e estamos – mais lentamente do que eu gostaria haha – estudando a linguagem.
  • Começamos uma rotina matinal que tem sido fantástica: meditação, automassagem e banho antes de começar o dia. Me sinto mais tranquila e consciente, e a ansiedade passa cada vez mais longe.

Essas são só algumas das coisas. Com tudo isso em mente (e todas as outras vitórias diárias), fiquei pensando:

Porque tendemos a diminuir nossos feitos, enxergando sempre o lado ruim?

Vivemos em uma sociedade (infelizmente) movida a competição. Ninguém liga para o caminho, o importante é chegar. Tanto faz se o passeio é bom ou ruim, se a vida é boa ou ruim, porque nossa noção de bom e de ruim é contaminada pela competição. Ninguém quer ser melhor pra si, todo mundo quer ser melhor que os outros. Nisso, mesmo mudando o pensamento, mesmo abraçando a vida, mesmo feliz e apaixonado pelo que se tem, alguma parte de nós – essa partezinha que cresceu em sociedade, que sofreu a influência da mídia e da competição – tende a se sentir inferior, e a analisar o canteiro do vizinho pelo verde da grama, ignorando o tempo de cuidado e manutenção que aquilo demandou para crescer. A gente enxerga o resultado e compara nossa caminhada a ele, e não a caminhada alheia. Some a isso a ideia de talento, de dom, de sucesso, e nos pegamos achando que nada é bom o suficiente, que não temos o que é preciso, que somos incapazes frente a vida.

Diversas vezes ao longo do tempo larguei coisas que queria muito fazer, porque não tinha a paciência a resiliência necessárias para aprender. Eu começava as coisas achando que quem é bom acerta de primeira, sem compreender que esse “ser bom” toma prática, toma tempo, toma autoconfiança e perseverança.

E então terminou janeiro. E por um tempinho bem pequeno fiquei achando que eu era uma loser, que eu não tinha feito nada, que o mês tinha corrido e me deixado pra trás, até eu parar e olhar de fato o que eu fiz, enxergando as coisas como caminhos, como etapas, e não como atividades fechadas nelas mesmas. Para além disso, entender que as coisas podem ser feitas só por serem divertidas, sem uma utilidade ou propósito. O tempo “”útil””, aliás, se relaciona também com a competição e com o modo como a sociedade funciona, condenando o tempo livre, a atividade pelo prazer, a alegria de viver.

Tá, mas e a resposta pra pergunta no início do texto?

Como não se sentir um loser com o final de Janeiro? É muito simples: enxergue as coisas pelo que elas são, e não pelo que você gostaria que tivessem sido. Sem frustração e sem desânimo, entendendo seu próprio ritmo, seus processos e a velocidade como as coisas acontecem naturalmente. Colocar essa lente da expectativa faz tudo parecer menor e menos importante. Mas tudo é caminho. Cada passinho, mesmo que lento. Quando olho pra Janeiro como um todo, vejo uma porção de inícios, alguns hábitos que já não me imagino sem, e mais uma porção de possibilidades para o restante do ano. São os tais dos baby steps que vivo falando, passinhos pequenos mas constantes. De vez em quando, feito um bebê aprendendo a andar, tropeçamos ou não sabemos muito bem para onde ir, e é justamente nessa hora que mais precisamos nos reconectar com a pureza infantil: a cada tropeço levantar mais forte, mais confiante, com mais sabedoria e conhecimento. Se você anda se sentindo um loser, chuta esse sentimento pra longe. Perdedor mesmo é quem nem tenta. Quem tenta e erra já é um vencedor, só por ter levantado da cadeira e começado. 😀

Como começar uma horta em casa gastando muito pouco

Tudo começou na semana passada, com a vontade (e a ação) de encher a casa de plantas. Uma das coisas que queria muito fazer aqui no apê era plantar coisas que a gente pudesse consumir, entre temperos, tomates e coisinhas possíveis de se ter num apartamento (graças a internet e a minha mãe, todo dia descubro mais uma possibilidade hehe). Pensando em qual parte do espaço conseguiria fazer isso, tive a ideia de comprar uma estante, daquelas de madeira bem baratinhas, e colocar no canto da sala (originalmente, a vontade era enfiar estante de planta em todos os cantos possíveis HAHA). Nossa ida a loja não rendeu estante, mas também não foi em vão: no meio do caminho encontramos uma cama toda desmontada, no lixo. Fomos remexer, e uma vizinha da vila fez questão de nos contar que era uma cama de Jacarandá. Com minha mentalidade roceira, já pensei logo “lá vem a criatura querendo me vender o que ia pro lixo”. Só que não. Era só mais uma velhinha simpática, aleatória e falante ligeiramente além do limite, como encontro bastante aqui pela Tijuca. 😛

Pegamos as madeiras e trouxemos pra casa. A estante estava ali, só não montada ainda. Uma porção de ripas e partes que variam entre um tom turquesa e a madeira crua, clarinha, exatamente como uma outra prateleira que tinha parada por aqui e também entrou na dança. Eis o resultado:

Gostei muito da vibe “resto de obra”, e também da cor das ripas (incluindo os descascados hehe). Com tudo, a estante custou menos de R$ 2,00, que gastamos pra comprar pregos (só depois de pronta pensei que seria muito melhor furar tudo com a furadeira, mas aqui aprendemos fazendo, então a próxima será melhor hahaha). Encontrar camas, estantes e tábuas de madeira no lixo não é difícil (o lixo aqui da Tijuca é bem bom, de maneira geral haha), uma vez que vivemos em uma sociedade que prioriza a compra e não o conserto. Sendo assim, quem sabe quantas estantes mais conseguiremos montar sem gastar quase nada?

Fiquei pensando que meu primeiro impulso foi comprar a estante, ao invés de fazer (ou ao menos comprar as partes), e fico feliz por não ter achado na loja, e ter tido a oportunidade de montar esse Frankenstein lindão. Além da estante, outras coisas que usamos no plantio são reutilizadas ou feitas para outro propósito:

  • Mexo a terra com a mão ou com uma das colheres da cozinha. Como diz o ditado, “lavou tá nova”.
  • Nosso regador é uma garrafa d’água toda furadinha na tampa. Dessa forma consigo regar as sementeiras sem afogar as plantas ou bagunçar a terra.
  • A terra por hora foi comprar, mas vou começar a buscar na casa da minha mãe (terra maravilhosa, rica, compostagem e felicidade hahaha), assim como alguns vasos que ela não usa mais.
  • Os vasinhos que vieram com algumas mudinhas que compramos estão neste momento sendo pintados, assim, conseguimos vasos bonitões e exclusivos sem gastar muito dinheiro.
  • Potes de sorvete, de manteiga e vasilhas sem tampa rendem excelentes vasinhos, basta fazer furinhos no fundo pra drenar. Você pode não somente pintar, mas também decorar com glitter, lantejoulas, o céu (e o gosto) são o limite. Eu curto coisas coloridas e minimalistas, então saí colocando triângulos e bolinhas em tudo, aproveitando a cor do fundo. hauahaua (segue exemplo abaixo :B).
  • As sementeiras são feitas de caixas de ovo. Achei elas muito fofas nesse azul, e usei hoje pra plantar tomates e tomatinhos (fica pra outro post hehe).
  • Temos um caixote de feira parado que vai virar uma hortinha. Caminhando próximo a hortifrutis e mercadinhos a noite é possível encontrar caixotes no lixo. Eles podem ser usados sem pintar, totalmente pintados ou com padrões (pretendo deixar parte colorida, parte na madeira \o/).

Em resumo, fica a mensagem, que vale para qualquer ideia ou projeto: você precisa de bem menos dinheiro do que imagina para começar as coisas. A ação, a vontade e a intenção são muito mais importantes! Com o mindset correto enxergamos o mundo com outra perspectiva, e vemos oportunidades onde os outros muitas vezes veem lixo. Que tal se, ao invés de pensar em todos os problemas que te impedem de começar, você focar em todas as habilidades e materiais que já tem? Tenho aprendido muito ao longo do tempo a começar de onde estou, sem projetar futuros, sem jogar minha preguiça (que existe e é grande HAHA) em qualquer outra coisa que não seja eu. Lógico que existem projetos e ideias que dependem de investimento financeiro, mas mesmo estes não precisam ficar parados enquanto o dinheiro não vem. Organizar e projetar – sem cair na falácia do plano que nunca sai do papel – não custam dinheiro, e ajudam muito quando a grana finalmente vem. Enxergar o lado positivo e criar soluções onde os outros criam problemas leva a gente muito mais longe. Pode ser a mudança de vida, pode ser a mudança de hábitos, pode ser a hortinha em casa, o importante é levantar e fazer! \o/

 

Você tem fome de quê? – Como melhorar sua relação com a comida

Pesquisas recentes apontam que as pessoas falham em mudar sua alimentação por um motivo muito simples: o foco é somente na mudança, na comida, e a saúde mental é deixada completamente de lado. Mais do que levar em consideração os processos que se desenvolvem na mente de quem está acima do peso (depressão, ansiedade, etc), a relação com a comida é também deixada completamente de lado. Em prol de um padrão que só serve para frustrar e abalar a autoestima, a cada ano mais pessoas são levadas a dietas mirabolantes, regimes impossíveis de exercícios e metas inalcançáveis a curto prazo. Mais do que isso, as pesquisas apontam também que a chance de abandonar uma mudança brusca rapidamente e voltar aos hábitos anteriores é muito grande, especialmente sem essa camada da saúde mental, imprescindível para uma mudança duradoura. Muitas pessoas chegam, inclusive, a adotar hábitos ainda piores, se sentindo frustradas e incapazes de viver uma vida mais saudável.

Pensando nisso, e na minha própria relação com a comida, resolvi listar alguns tópicos que me ajudaram muito ao longo dos anos. Para quem aí não sabe, sofri com distúrbios alimentares na adolescência, problemas que até hoje me atrapalham em questões relacionadas a autoimagem. O trabalho até aqui não foi fácil, mas a partir do momento que enxerguei as coisas como processos gradativos, tudo ficou um pouco mais fácil. Como gosto de repetir sempre, o importante é dar um passinho de cada vez, com consciência e foco. Tendo a motivação correta e tirando o peso da frustração, somos capazes de promover grandes revoluções na nossa vida. Vamos lá!

1 – O que você come?

Como é a sua alimentação hoje? Quantos destes alimentos você escolhe ativamente comer, e quantos são fruto de hábitos ou costumes antigos? Você dá prioridade para coisas mais naturais, ou se alimenta prioritariamente de alimentos processados e industrializados? Observar o que comemos é muito importante para estabelecer o gostaríamos de comer. Um exercício que eu adoro é dividir as comidas em felizes e tristes. Para definir a qual grupo cada coisa pertence, uso perguntas como as seguintes:

  • Esta comida é feita por máquinas ou por humanos?
  • Ao entrar no meu corpo, isso vai fazer bem ou mal ao seu funcionamento?
  • Esta comida me deixa plenamente feliz, ou me sinto mal (fisica ou psicologicamente) ao consumir?

Uma comida feliz é aquela que alimenta o corpo e a mente. Um prato bonito e colorido, o pão quentinho da padaria, uma fruta ou uma salada com meus vegetais favoritos. Uma comida triste é aquela que não alimenta, dando somente o prazer momentâneo. Entram aqui os refrigerantes, biscoitos recheados, frituras e comidas industrializadas de maneira geral. É gostoso? Definitivamente, mas para por aí. Se a comida não causa nada além do prazer que experimentamos quando comemos, então é triste. Pode parecer feliz, no momento, mas o peso que ela traz (e digo peso psicológico, não físico) não compensa.

Fazendo essa divisão, conseguimos entender em que pé está a nossa alimentação no momento, e se andamos consumindo mais alimentos tristes ou felizes. Com essa base, conseguimos estabelecer metas possíveis e, mais do que isso, tornar nossa alimentação o que deve ser: uma coisa boa, positiva, feliz, que nos dá energia para desempenhar as tarefas do dia-a-dia e nos torna mais alegres e dispostos. Com isso em mente, seguimos para a próxima pergunta. 🙂

2 – Porque você come?

Qual é a principal função da alimentação no presente momento? Você come pelo prazer momentâneo, ou mantém o foco no panorama completo? Você faz as refeições com horários estabelecidos, ou faz uma porção de lanchinhos ao longo do dia? Você come por compulsão? Para afogar as mágoas? Para entender nossa relação com a comida e como podemos melhorar, é importante entender porque comemos o que comemos, e partir disso para construir hábitos que se encaixem na nossa rotina e façam sentido para a vida que levamos (e que queremos levar).

Ao longo do ano retrasado, estava me recuperando de uma depressão. Passei os primeiros meses do ano sem apetite, sem sentir o gosto de nada, e quando o apetite voltou, comi tudo que tive vontade. Não me culpo por isso, pois minha mente estava se recuperando. Engordei uns 30kg ao longo dos meses, e fui aos pouquinhos parando de fazer exercícios. No final do ano, me sentia inchada, triste, sedentária e sem energia. A dificuldade para percorrer a pé percursos que antes eram fáceis me fez despertar: o problema não era comer. O problema era o que, como e porque eu estava comendo, e o quanto isso estava influenciando o restante da minha vida. Para sair desse ciclo – que sei ser muito comum para a maioria das pessoas – investi numa mudança de perspectiva. Foi aí que comecei a dar preferência aos alimentos felizes, comecei a aumentar um pouquinho o percurso a pé todos os dias e me desafiar constantemente. Algumas perguntas:

  • Porque você consumiu sua última refeição? Pense seriamente sobre o que estava no prato e porque este alimento chegou lá.
  • O que a comida representa na sua vida? Você come para ter energia, ou desconta tristezas e frustrações na comida?
  • Como é a relação da sua família com a alimentação? Como eram seus hábitos na infância, e o que disso você traz para a vida adulta?

3 – Como você come?

A hora da refeição é sagrada para você? Você come em um ambiente tranquilo, com foco na mastigação e intenções positivas sobre a comida? Ou anda almoçando com o celular na mão, ou enquanto faz outras atividades? Pode parecer papo de gente new-age-good-vibes, mas faz toda a diferença quando queremos mudar nossos hábitos. Existem incontáveis histórias de gente que entra em dietas muito restritivas ou mirabolantes, e assalta a geladeira compulsivamente no meio da noite. A maioria das pessoas come muito mais do que precisa, por comer rápido demais e não dar tempo ao organismo de se sentir saciado e processar o que foi consumido.

Como comemos diz muito sobre nosso momento atual. Comer é prazeroso mesmo, e o importante é não tirar o prazer, mas mudar o foco. Se normalmente o prazer mora em comer muitos doces ou salgadinhos, ou sentar e bater um pratão cheio de batata frita, não pense que não é possível sentir o mesmo com um monte de legumes ou frutas. Comer bem é um ato de amor próprio, nos dá força e confiança para continuar. Sem restrições extremas, sem dietas absurdas, mas com consciência real do que vai no prato e de como nos alimentamos. As perguntas deste item são:

  • Quanto tempo você dispõe para cada refeição?
  • Você come quando sente fome, ou se guia somente pelos horários?
  • Você costuma mastigar muito rápido? Se sente pesado e desmotivado ao final das refeições, ou cheio de energia?

Algumas dicas para ajudar

Agora que expliquei as três perguntas (o que, como e porque), é hora de analisar os resultados. Se as respostas foram prioritariamente negativas e se você de alguma forma chegou a este texto, é porque sabe que a hora de promover mudanças é agora! Independente de qual for o seu foco (emagrecer, ser mais saudável, se alimentar melhor) ou em que parte do caminho você esteja, tenha em mente que a revolução não está somente no que é consumido, mas numa abordagem mais holística, que envolve o como e o porque. Estas perguntas são preciosas para analisarmos nosso estado mental e conseguir estipular rituais que possam realmente ser seguidos, sem ansiedade e sem peso, tendo em mente que uma mudança lenta é muito melhor do que mudança nenhuma. Com isso tudo na caixola, vamos ao que interessa!

Cozinhe com atenção e amor

Sempre que possível, cozinhe alguma coisa com atenção plena! Para quem já tem o costume de cozinhar, a ideia é tirar a vibe automática da ação, cozinhando com consciência e atenção. Coloque amor na comida, intenções positivas, pense porque aquilo te alimenta e no que te ajuda no dia. Para quem não tem o costume, a internet está recheada de receitas e vídeos para todos os níveis de conhecimento. Que tal transformar isso em um ritual? Pode ser um super almoço todo final de semana, ou o preparo das marmitas da semana no domingo. Coloque intenção, vontade, foco e amor em tudo que fizer (mesmo que seja só descascar uma maçã haha).

Diminua o tamanho do prato

Acha que come demais? Diminua o prato! Parece bobo, né, mas faz toda a diferença. Ao colocar a comida em pratos gradativamente menores (“gradativo” é a palavra, nada de sair de um prato fundo para um de sobremesa no dia seguinte :P), vamos tomando consciência do que nos deixa saciados, sem exageros desnecessários.

Pesquise sobre o que você come

A internet é uma ferramenta maravilhosa, que pode ajudar muito a mudar a alimentação. Comprou um legume ou tempero? Pesquise seus benefícios, quais vitaminas ele possui e no que ele ajuda seu corpo. Comprou um biscoito? Faça o mesmo! Pesquise os ingredientes e para o que cada um deles serve. Tornando esta busca um hábito, você aprende muito sobre a função de cada alimento, e sobre o que pode te ajudar em problemas específicos (um chazinho calmante antes de dormir, uma vitamina que dá muita energia de manhã e por aí vai).

Medite antes das refeições

Esta é especial para quem sofre com a compulsão, come rápido demais ou não consegue manter a atenção na comida. Feche os olhos por alguns minutos e foque na sua respiração. Almoça com a galera do trabalho? Não tem problema, o banheiro está aí para nos dar privacidade! hahahaha

Faça substituições inteligentes

É apaixonado por chocolate? Não precisa abrir mão! Quando retiramos bruscamente da rotina algo que gostamos muito – seja pela razão que for – a chance de voltar é muito maior. Então procure chocolates com mais cacau, barrinhas menores e por aí vai. É possível encontrar versões mais saudáveis – e tão saborosas quanto – de todos os alimentos. Pesquise, se divirta, experimente e encontre o que mais combina com você.

Foque nos alimentos naturais

Se alimentar de frutas, legumes, verduras e grãos é muito mais barato do que acreditamos. Tire da cabeça essa ideia de que se alimentar de maneira saudável é caro! A natureza nos dá tudo que precisamos, por um valor muito menor do que a indústria. Encontre uma feira perto de casa, ou um hortifruti com bons preços, e vá ser feliz. Foi a feira e comprou uma porção de coisas felizes? Então vai comer um pastel com caldo de cana pra fechar! “Mas como assim, pastel? Pastel é fritura!”. Sim, é! E não tem problema nenhum consumir de vez em quando. Não é sobre cortar tudo, é sobre ter mais consciência. Isso inclui vez ou outra comer um pastel de feira ou aquela pizza que você ama. Com o tempo vamos nos adaptando e entendendo a função e o momento para cada coisa! No mais, o pastel foi feito por humanos (mais um pontinho! haha) e o caldo de cana tem uma porção de benefícios para a saúde (olha aí uma ótima oportunidade de pesquisar!).

Com paciência e amor conseguimos construir uma relação muito melhor com a comida. Se perdoe, tire o peso, crie boas motivações e perceba sua evolução com o passar do tempo. Não vale se frustrar! Se alguma coisa não deu certo, tente encontrar outro esquema que funcione. É pra ser divertido e prazeroso, não derrubacional! haha E aí, qual vai ser o primeiro passinho? 🙂

 

Hoje corri pela primeira vez

A muitos e muitos anos eu tinha vontade de correr. Toda vez em que cheguei perto de tentar, coloquei algum empecilho e desisti, mantendo somente a caminhada. Eu sentia por dentro uma vergonha gigantesca, fruto da minha timidez (que apesar de superada, vez ou outra se mostra presente) e inseguranças em relação ao corpo. Tinha por dentro a ideia de que todo mundo ficaria olhando pra minha cara, de que as pessoas ririam porque sou desengonçada, enfim, o pacote inteiro das afirmações que contamos para nós mesmos quando nos autossabotamos. A autossabotagem foi, aliás, um dos principais fatores que me afastou de sequer tentar. E então eu era essa pessoa, que vira e mexe pesquisava zilhões de coisas sobre corrida, mas desistia sempre que chegava o momento de fazer de fato.

Um dos meus focos do ano é ser mais saudável. Esse foco foi herdado do ano passado, e percebo que já é fixo na lista, por um motivo muito simples: há sempre mais a ser feito. Ter saúde vai muito além de comer bem e fazer exercícios, tem a ver também com saúde mental, com autoestima e por aí vai. Estas coisas são sementes, que precisam ser regadas constantemente para que a planta cresça e vire árvore. Sei por dentro que enquanto mantiver este foco, as raízes de cada hábito serão cada vez mais fortes e profundas. Com isso em mente, escolhi uma atividade que parece super divertida, mas que infelizmente só volta das férias em fevereiro (quando começar conto como foi). O que fazer com o mês de janeiro? Como começar a me desafiar ainda este mês? A resposta veio das conversas com o noivo: vamos começar a correr. Eu queria fazer, ele também, temos roupas e calçados adequados e essa motivação toda do ano que se inicia. É importante investir em algum dos focos ainda em janeiro, para firmar os alicerces do ano, então a ideia parecia excelente.

A sensação no primeiro dia de corrida

Precisávamos sair para buscar o violão do Matheus no conserto (a aproximadamente 1.8km daqui), então unimos o útil ao agradável: corremos o caminho de ida, caminhamos o de volta (um percurso que já fazemos normalmente a pé). Como base pra não fazer besteira e se lesionar (um pavor haha), usamos o guia do NY Times. Uma das recomendações era o método do atleta olímpico Jeff Galloway, o run-walk-run (do inglês, correr-andar-correr). O nome é autoexplicativo, e é exatamente isso mesmo: na média para iniciantes, corremos 10-30 segundos para cada 1-2 minutos caminhando. Como nenhum de nós usa relógio e deixamos o celular em casa (e no mais, contar tempo é muito chato :P), medimos tudo de maneira diferente, nos desafiando até pontos próximos (ex: um ponto de ônibus, uma árvore, etc).

Se achei que ia morrer em alguns momentos? Definitivamente, mas foi tudo extremamente positivo. Eu aguento muito mais do que imaginava. Consigo me desafiar e cumprir os desafios. Me sinto viva, feliz e motivada. Nem reparei se alguém afinal olhou pra minha cara ou riu de mim. Vencer meus limites era importante demais e tomou todo o meu foco durante o percurso. Achei que morreria de vergonha e nunca mais ia querer correr na vida. Achei, na verdade, que nem fosse conseguir começar. Dá um frio na barriga, uma moleza, a sensação de que não somos capazes. Se você aguentar por alguns segundos, só alguns segundos a mais, a sensação é substituída pela certeza de que você consegue. Mesmo que por alguns segundos. Os primeiros viram mais na segunda vez, e um pouco mais na terceira. Antes que a gente se dê conta, serão minutos, quem sabe horas? Tenho ao final deste dia uma certeza: com a motivação correta – de autocuidado, de amor ao corpo que tem, de se sentir mais forte, saudável e confiante – qualquer um é capaz de começar qualquer coisa na vida. Depois que se começa, com a motivação certa, tudo acontece, e é mágico.

Quando foi a última vez que você desafiou algum dos seus limites? <3